Caríssimos amigos,
Que nesta PÁSCOA exista um verdadeiro reencontro consigo mesmo. Nunca antes vivemos uma renovação tão profunda, com tanta esperança, por um mundo melhor. Páscoa é dizer SIM à fraternidade, ao AMOR! Celebremos a vida e renovemos o nosso espirito.
Com muita alegria, e certeza do vosso agrado, deixo-vos estas belíssimas palavras, do nosso AMIGO, muito e bom AMIGO Sr. Padre João Pedro Fernandes, que desde Luanda nos escreve. Que as suas palavras iluminem a comunhão da humanidade, que com elas possamos harmoniosamente viver este belíssimo momento de união.
"PÁSCOA: VITÓRIA DA FRAGILIDADE!
Certamente, a Páscoa de 2020 vai ser única. O Covid-19 uniu o mundo como nunca! Talvez porque tocou profundamente aquilo que nos iguala como seres humanos: a nossa fragilidade! Diante duma pandemia desta dimensão, demo-nos conta que somos profundamente vulneráveis. Ricos ou pobres; poderosos ou gente simples; europeus, americanos ou africanos… sentimo-nos pequenos e vulneráveis. Desnudados das nossas pretensões de omnipotência!
Mas não devemos ter vergonha da nossa fragilidade. Deus mesmo quis ser frágil como nós. Em Jesus, seu Filho, fez-se solidário com a nossa condição humana, até ao ponto último, o mais baixo: a morte. Nas horas difíceis, ele não usou do poder que tinha, para resolver as coisas a seu favor. Aceitou o risco de viver a condição vulnerável do ser humano, com todas as suas consequências. Quando chegou a hora da sua prisão e morte, ordenou a Pedro que guardasse a espada. Quis enfrentar aquele momento crítico totalmente desarmado, sem opor violência à violência, força à força, sangue ao sangue. Diante do ódio, escolheu a frágil resposta do Amor — a única capaz de salvar o mundo!
Não devemos ter vergonha da nossa fraqueza. Devemos aprender com ela. Aceitar a nossa fragilidade faz-nos ver como são falsas todas as pretensões de grandeza, poder, auto-suficiência, arrogância e outras formas de nos acharmos ‘superiores’ aos outros. Esta pandemia diz-nos que ninguém é superior a ninguém, ninguém é mais importante que ninguém. Somos todos apenas seres humanos! Filhas amadas e amados de Deus. Sim, todos amados por Deus assim como somos: frágeis, limitados, pecadores… O que nos salva e nos faz grandes é o Amor Misericordioso do Pai. O que nos salva e nos faz grandes é aprender a amar com a largura do Amor e da Misericórdia de Deus.
Já estamos na Semana Santa, que nos leva até à Páscoa. Durante estes dias, aparece-nos com toda a grandeza a figura de Jesus. Acompanhemos as celebrações pelos meios de comunicação e em oração pessoal e familiar, com o coração grato, porque Jesus Cristo quis ser nosso Irmão até ao fim, assumindo toda a nossa fragilidade, para nos redimir e nos renovar a partir de dentro. “Amou-nos até ao fim” (João 13,1), dando a vida por nós, “quando ainda éramos fracos” (Romanos 5,6).
Na Quinta-feira Santa, não teremos o gesto simbólico do lava-pés. Esse vazio ajuda-nos a passar do rito para a vida. Como o Mestre Jesus, despojemo-nos do nosso ‘manto’ (nossas ‘grandezas’) e descubramos a grandeza da vocação humana no serviço e na generosidade, “lavando os pés” uns aos outros. Como Ele, ao dar o pão e o vinho, deu toda a sua vida (“Isto é o meu corpo”, “Isto é o meu sangue”), também nós podemos dar a cada pequeno gesto o gosto de dom aos outros. Com a grandeza das pequenas coisas. Como um pedaço de pão dado por amor…
Na Sexta-feira Santa, seguiremos o Mestre no seu total despojamento, humilhação e morte. Sentiremos, da Cruz, o seu grito: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”… Depois, será o Silêncio. E ouviremos o eco desse Grito subir da terra, da humanidade dilacerada, nesta hora de dor planetária. E uniremos a esse Grito todos os nossos “porquê?…”, que parece não terem resposta. Porque a única resposta possível é a total solidariedade do Homem das Dores com as dores da humanidade. E depois a pedra fechará a tumba. E será Noite! E aí, nessa tumba escura (mas cheia de Luz!), depositaremos todos os nossos medos e angústias. Mas não. Não será total escuridão. Vigiaremos com as mulheres-discípulas que seguiram Jesus desde a Galileia. Na intuição da fé, elas nos fazem sentir: o sonho da Vida não foi engolido pela Morte!…
E seguiremos embalando o sonho no Sábado Santo. Será sobretudo dia de silêncio. Não um silêncio vazio, mas cheio de Presença! Um silêncio a ser acolhido, talvez incómodo (pelo incómodo de nos encontrarmos connosco mesmos). Mas só assim é possível esvaziar-nos de nossos medos e pretensões. E deixar que a Presença nos cure de nossas orfandades e nos encha de Amor e Esperança.
E, então, acenderemos a nossa vela, para atravessarmos a Noite Santa desse Sábado, Vigília Pascal. Será uma luz ainda pequenina, mas carregada da Esperança que já nos habita. Uma luz que irá crescendo, à medida que as narrações da História da Salvação se forem desenrolando… até ao Aleluia da Ressurreição! E ficarão reboando nos nossos ouvidos, mas sobretudo no nosso coração, por muito tempo, as palavras do salmista: “A pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se Pedra Fundamental” (Salmo 118,22). Compreenderemos, afinal, que Deus inverteu a lógica humana: não rejeita nada do que é débil; salva a partir da fragilidade. Compreenderemos que, com a morte e ressurreição de Jesus, nasceu a Nova Humanidade: a que escolhe servir em vez de dominar, amar em vez de odiar, cuidar em vez de explorar, caminhar junta em vez de ser auto-suficiente.
Será verdadeiramente Páscoa!" (P. João Pedro Fernandes, CSsR - Luanda, Angola.)
Do fundo da minha alma, desejo-vos um ressuscitado JESUS CRISTO, em cada uma das vossas vidas. PÁSCOA FELIZ! Um XIIIIIIII coração virtual! Fátima C. Brízio
WE have your dream TRAVEL